'/> ·ï¡÷¡ï· V I D A Humana·ï¡÷¡ï·: Líderes evangélicos apoiam torturadores da CIA.

março 08, 2015

Líderes evangélicos apoiam torturadores da CIA.

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Já tem certo tempo que não apenas a religião, mas a cristandade, está sob ataque. Vira e mexe pululam postagens que as vezes de forma velada, outras muito claramente, procuram demonstrar que os cristãos, de todo modo, são pura e simplesmente seres irracionais, ávidos de violência e por aí vai.

A foto acima é um exemplo. Foi publicada em um grupo de que participo lá no Google+.

A intenção real da foto não se compreende somente pela imagem e as palavras, mas também pelo conjunto das postagens que aquele que a publicou, compartilha. Que linha segue todo esse conjunto? Sobre o que ele silencia?

Existe de forma muito atuante na rede, uma "militância ideológica". Sua função não é bem entrar em debates (embora raras vezes até o façam) mas, divulgar, propagar certas ideias de forma maciça. Uma dessas ideias tem relação direta com aquilo que Karl Marx definiu como sendo o "ópio do povo", e visa enfraquecer, através de constantes tentativas de ridicularizarão, a fé religiosa. No entanto, no caso do Brasil não é bem a fé de qualquer credo, mas, especificamente, a fé cristã. Fique atento na rede e procure uma crítica de partidários do PT a Irmandade Muçulmana... Difícil né? Agora procure uma crítica de partidários do PT a religião cristã. Opa, opa.... apenas uma! E no meio dessa confusão surge o debate ateísmo vs religião. Notem que ainda que a tal militância ideológica faça constantes ataques a religião, e geralmente associe a tais ataques como contrapondo o ateísmo, nunca há uma crítica aberta ao Islã! O único exemplo de que a religião é ruim é a cristandade!

Então a gente volta pra foto.

A intenção dela é associar um "apoio" religioso a violência, não bem para defender o ateísmo como crença, mas para manter a luta contra as bases da religião como um todo.

Ora, se o autor da postagem realmente  acreditasse nisso por convicção e não fosse apenas alguém com objetivo específico na rede, então seria de esperar que ele igualmente, por convicção de que se tem que defender a vida humana em todos os seus aspectos, teria questionado o apoio de Dilma e do governo a Irmandade Muçulmana, que reúne assassinos diversos e estupradores aos montes. Mas não, isso ele não fez e não vai jamais fazer! O rabo preso com certa ideologia o impede de uma avaliação imparcial.

Se a preocupação com a vida humana fosse real, então ele deveria questionar os próprios regimes comunistas que mataram mais do que todas as guerras, mais de 100 milhões de pessoas nas estimativas mais brandas. Os livros "O livro negro do comunismo” e "Mao a história desconhecida" são importantes para que a gente possa se prevenir desse tipo de bobagem. Até a quadrilogia de Élio Gaspari é útil. Pois enquanto a nossa presidente assaltante chora por mortos na ditadura, que não chegaram a mais de 600, nada fala sobre o golpe em Cuba, onde o seu grande amigo matou mais de 550 pessoas em 4 meses conforme descrito no livro "As ilusões armadas" de Élio Gaspari.

É muito importante refletir sobre o que exatamente motiva todas essas mortes. Se a foto faz alusão a crença religiosa como fonte de violência, como se pode explicar todas as mortes ocorridas dentro de regimes comunistas, onde não há um deus? Se a foto e a mensagem originais ligam assassinados e torturas a crença religiosa, então, o que justifica os assassinados e torturas praticados dentro de regimes comunistas? O que justifica esse silêncio de pessoas tão preocupadas com a vida humana diante das mortes feitas por regimes comunistas, que em números superam o de todas as guerras "santas"?

Nada! E quando se nota que é impossível justificar a enorme quantidade de mortes, a estratégia na conversa é tentar inverter o ponto central, deslocar o foco. Foi o que aconteceu por lá. Como não era possível contrapor algum argumento que validasse todas as mortes ocorridas em regimes comunistas (vale lembrar que em tempos de paz e contra a população civil) e ao mesmo tento pudesse provar a tese inicial de que a religião é causadora de mortes, se tentou criar uma discussão do tipo ateísmo vs religião embasada no uso que fiz da palavra "crença".

Então, convenientemente se deixou de lado o questionamento acerca das mortes para se lançar a crítica de que eu estava agindo de má fé por defender líderes religiosos e afirmar que ateísmo é crença...

Pois é...

É obvio que somente por preconceito religioso quem fez a crítica imagina que a palavra "crença" tenha ligação apenas com ideias ditas "religiosas".

Na filosofia o sentido da palavra "crença" está ligado a se considerar verdadeira uma proposição, por dispor de certo respaldo em evidências, ainda que essas evidências não sejam conclusivas. Ou seja, a princípio, a "crença" é mais forte que a opinião, e mais fraca que o conhecimento. Mas pode ser um estágio para o conhecimento, caso não se consigam evidências mais conclusivas sobre a questão enfocada.

Descartes de certa forma identifica a "crença" como um estado mental. Hume a considera mais passiva e com Ortega Y Gasset ela é pré-racional, está por detrás das ideias. Esse "por detrás" tem uma certa semelhança com o conceito de "a priori" de Kant. Mas gosto muito da abordagem de um autor chamado Abdruschin, onde ele defende que a crença verdadeira somente é possível quando o indivíduo apreende o sentido de algo, quando compreende o verdadeiro conteúdo e assim adquiri convicção viva e desembaraçada sobre a questão que lhe parece importante.

Notem que essa convicção é formada por comparação entre os acontecimentos reais do mundo, suas justificativas e o significado particular que aquele que observa dá à eles.

Sendo assim, quando a crítica aponta que eu apenas estaria defendendo líderes evangélicos, passa longe da intenção verdadeira, que é trazer a baila as reais intenções da foto, através de um questionamento objetivo. Se o autor da postagem que compartilhou a foto, defende por convicção o valor da vida humana, e defende igualmente que a religião é ruim, é muito estranho que fique em silêncio diante do apoio do governo a Irmandade Muçulmana. Qual é a razão de o governo e tantos e tantos papagaios atacarem somente grupos cristãos?

A palavra "crença" tem ligação apenas com a formação da convicção do individuo. Tudo aquilo que alguém acredita e defende, é organizado de modo pessoal através de uma hierarquia de valores, totalmente válida para aquele que a constrói. Não é de se esperar que alguém siga um caminho sabendo que ele é errado, mas é possível que a mesma pessoa siga um caminho errado supondo por convicção que seja o certo.

Richard Dawkins, por exemplo, em seu livro "Deus, um delírio" defende que tudo aquilo que alguém acredita e defende pode ser chamado de crença. A tal respeito propõe uma analogia entre a crença em um médico e a crença em um representante da igreja. Ele utiliza a palavra "crença" nos dois casos, em um há um Deus, em outro não.

A palavra "crença" não tem ligação com algum ser sobrenatural, ela é neutra nesse sentido. O que existe de semelhante entre quem acredita em Deus e quem não acredita é a necessidade fundamental que cada um tem de organizar sua ideias, suas convicções, sua hierarquia de valores, de tal modo que possa validar suas atitudes, seu posicionamento no mundo. A "crença" não é uma mera simpatia com alguma ideia, precisa de um certo respaldo em evidencias. Obviamente as evidencias poderão ser questionadas em conversas sérias, mas tudo mostra que a palavra "crença" não tem ligação com religião, e que considera-la assim apenas amputa a amplitude de seu significado.

Então, para Richard Dawkins, Daniel Dennett e cia, considerando aqui o sentido que Abdruschin dá a palavra "crença", os dois tem sim a crença de que não existe Deus. Enquanto em sentido contrário, o Papa, por exemplo, tem a crença de que Deus existe. Todos eles construíram para si mesmos uma visão de mundo que os ajuda a se posicionarem nele. Esse conjunto de valores é para cada um a sua crença. A palavra "crença" não valida um ou outro ponto de vista, não equivale a um julgamento de valor absoluto para qualquer um ou qualquer caso, apenas demonstra que existe uma certa organização de ideias a fundamentar as ações de um e outro.

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A conversa e a postagem original estão também publicadas no blog, basta clicar aqui, ou acessar direto no Google+, basta clicar aqui.

Allan Roberto Régis.

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